Praia de Odeceixe? Praia do Amado? Praia da Arrifana? Praia da Bordeira? Praia do Monte Clérigo? Praia da Samouqueira? Quem já não ouviu falar destas praias lindíssimas? Conhecidas pela sua beleza natural e pelas boas características para a prática de surf, estas praias garantem toda uma diversão seja para o inverno como para o verão.

Enquanto que o verão apela mais ao lazer, aos desportos de mar e a longas caminhadas, o inverno acaba por não ser muito diferente… Desportos como o surf e bodyboard são uma constante, devido ao maior nível das ondas, e as caminhadas ganham outra dimensão, visto exigirem mais dos caminhantes.

No entanto, Aljezur não é só praias e desportos de natureza, é também um centro importante de cultura e de História.

A cultura que se impõem

Esta vila, e sede de concelho, algarvia é uma terra de origens remotas e a provar temos o Museu Municipal de Aljezur, com três grandes áreas museológicas: Núcleo de Arqueologia, Núcleo Etnográfico e uma Sala Islâmica de Legado Andalusino.

O visitante percorre neste espaço os mais de dez mil anos de História humana na região, desde a Idade Glaciária ao início do século XX, com destaque para o período islâmico, documentados com artefactos e objetos vários, testemunhos de outras eras e outras formas de viver. Esta é uma importante herança e um legado sem valor, que ocupa o antigo edifício municipal e que se encontra à sua espera.

Fora da sede de município, destacamos o Museu do Mar e da Terra da Carrapateira, um espaço da nova geração de museus locais. Este espaço, construído de raiz na aldeia da Carrapateira, contou com o apoio dos locais na recolha de objetos e a quem deve parte considerável do seu espólio.

Este traço humano torna o Museu do Mar e da Terra único e insere-o na corrente mais abrangente e contemporânea da nova museologia. O museu tem, assim, uma identidade que se alarga a outros horizontes, como a geografia humana, a ecologia e o desenvolvimento da região em que se insere.

História secular

Já que o museu nos levou ao mar, continuemos por lá e falemos do Ribat de Arrifana, também conhecido por Castelo ou Fortaleza de Arrifana, uma edificação só descoberta em 2001, quase 900 anos depois da sua fundação.

Identificado a cerca de seis quilómetros de Aljezur, na Ponta da Atalaia, este convento-fortaleza, de caráter eremita, foi fundado por Ibn Qasî em 1130 e, desde o seu início, foi associado à oração, mas também à vigilância costeira.

Ibn Qasî, relembre-se, era uma das principais figuras politicas e religiosas do Al-Andalus (nome dado pelos Mouros à Península Ibérica islâmica) e foi fundamental na conquista de territórios entre o Tejo e o Mondego. Este líder mouro estabeleceu um importante pacto, com D. Afonso Henriques, contra o governador de Silves e esta aliança permitiu ao rei de Portugal atacar várias posses da cidade mourisca.

Ainda falando em fortificações, não poderíamos deixar de referir o Castelo de Aljezur. Construído no século X, este castelo foi testemunha de várias batalhas, de diferentes remodelações e de diversas opiniões sobre a sua conquista.

Há quem diga que a povoação e o castelo passaram para os domínios do rei D. Sancho II, a 24 de junho de 1242 ou de 1246. Outros ainda afirmam que a conquista foi entre 1243 e, por ação do Mestre da Ordem de Santiago, D. Paio Peres Correia.

Também há autores que dizem que foi a pedido de D. Afonso III (1248-1279), que o mesmo Mestre, na madrugada de 24 de junho de 1249, dia de São João, tomou posse da fortificação. No entanto, A Crónica da Conquista do Algarve refere que Aljezur foi a última praça do Algarve a ser conquistada, no ano 1249.

Quanto a nós, sugerimos que faça a sua própria conquista e venha conhecer mais este concelho do Algarve. Passeie-se nas praias e nas arribas, visite os museus e respire História nestes belíssimos castelos. Aljezur é mais do que praias, é cultura e História.